Ter uma cor definida como atributo de personalidade do produto é uma
força que impulsiona o produto a obter melhor reconhecimento.
Muitas vezes sou questionado por estudantes sobre a questão das
cores aplicada nas embalagens. Mesmo profissionais desejam saber se
existe uma ciência das cores que indique com certa precisão as cores
mais recomendadas para as diversas categorias de produtos. Dizem que não
se deve usar preto em alimentos e que o amarelo combinado com o
vermelho representam a melhor solução para esta categoria de produtos.
É verdade que o mistério das cores vem intrigando a humanidade desde
tempos imemoriais e aqueles que são versados nestes mistérios muitas
vezes alcançaram a condição de mestres da pintura e das artes
decorativas.
Existem hoje toda uma industria montada sobre a cor . O setor de
pigmentos, por exemplo, movimenta bilhões de dólares a cada ano e
existem empresas e especialistas trabalhando na especificação de cores
para os produtos e nas cartelas de tendências cromáticas que orientam a
industria da moda, a automobilística e outras cujos produtos tem apelo
fashion ou de design.
No caso da embalagem especificamente, são raros os estudos que
abordam com seriedade o tema e poucos estudos foram divulgados até agora
que nos permitam obter referências mais concretas para tratar deste
tema tão importante.
Sabemos que a apresentação de uma cor definida de forma absoluta como
ocorre com produtos como Maizena, Sonho de Valsa, Diamante Negro e o
chocolate Milka, por exemplo, representa um forte suporte para a
identidade do produto e um referencial claro de sua personalidade junto
aos consumidores. As pilhas Ray-o-Vac incorporaram as amarelinhas como
seu slogan por tratar-se de uma identificação precisa do produto.
O Campari também utiliza a cor como seu diferencial de personalidade e seu slogan afirma que só ele é assim.
Ter uma cor definida como atributo de personalidade do produto é uma
força que impulsiona o produto a obter melhor reconhecimento. O vermelho
do suco Del Valle tornou-se uma marca registrada deste produto apontado
em pesquisas pelos consumidores como o principal ícone de sua
identidade. Este suco conseguiu se aprimorar de uma cor como fez a
Ferrari, e isto representa um enorme valor.
Como na verdade só existem três cores básicas das quais todas as
demais são derivadas, é impossível para cada produto ter sua própria
cor. Ela é um atributo não exclusivo e precisa ser compartilhada com os
demais.
O vermelho, o Azul e Amarelo podem ser escurecidos até chegar ao
preto ou somados como ondas luminosas até chegar ao branco podem ser
combinados gerando o verde (amarelo + Azul) o laranja (amarelo+
Vermelho) ou o roxo (azul + vermelho) e suas nuances intermediárias mais
claras e mais escuras e é só isso.
A única cor que está fora desse especto é o marrom resultante da combinação do amarelo com o preto.
Portanto, ao contrário do que se imagina, não existem tantas cores
assim, mas apenas nuances das cores básicas que vão perdendo força de
expressão quanto mais se afastam das originais pois vão se diluindo.
No livro Design de Embalagem Curso Avançado, fiz um pequeno estudo
agrupando os produtos adquiridos numa única visita ao supermercado
conforme suas cores predominantes uma vez que na maioria dos produtos
existem combinações de cores que não resultam numa cor definida.
Este pequeno estudo me chamou a atenção para um fato interessante: Os
produtos líderes na maioria das categorias tem uma cor claramente
definida. E mais, nas categorias de alimentos e bebidas, num universo de
50 sub-categorias, metade dos líderes são vermelhos, a outra metade é
dividida em: 25% azuis, 15% amarelos e 10% outras cores.
O vermelho, portanto, como cor definida e ou predominante domina
metade da liderança da categoria alimentos e bebidas seguido pelo azul. O
verde, por exemplo, tem participação inexpressiva entre os produtos
lideres desta categoria.
Já nos produtos da categoria higiene e limpeza, a maioria disparada
dos líderes são azuis, o mesmo acontecendo com as outras categorias
estudadas.
Embora não seja um estudo aprofundado, chegamos a duas importantes constatações:
1 Os produtos líderes em sua absoluta maioria tem uma cor claramente definida;
2 Em alimentos e bebidas a cor predominante na liderança das várias
sub-categorias é o vermelho com ampla margem sobre os demais, enquanto
que em higiene e limpeza o azul reina absoluto na liderança.
São conclusões que podem ajudar nas decisões sobre cores aplicadas às
embalagens, mas mais importante que isso, são uma pista para estudos
mais aprofundados que podem ser realizados, lançando um pouco mais de
luz e racionalidade sobre um tema tão fascinante.
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