quarta-feira, 26 de junho de 2013

POEMA ESPECIAL: 300 memórias

300 memórias (1ª parte: Irreconhecível)


Aos poucos minha vista perde o foco e eu simplesmente não te vejo
É como se você estivesse tão longe
Mas ao mesmo tempo posso ver a cor de seus olhos
A destreza de um sorriso desdenhoso

Talvez eu devesse ficar emocionado com seu olhar suplicando por afeição
Mas já foi o bastante
Todos tem um limite pra aguentar a rejeição
Você atingiu o limite que minha paciência pode permitir

Eu não quero viver em um mundo unilateral onde todas as coisas acontecem em seu favor
Não quero saber das memórias que não fazem parte das minhas a cada segundo
Não quero ouvir o desprezo por meus erros quando espero por compreensão
Acordar com a angustia de não ter dito tudo que eu queria ter dito

Você se tornou irreconhecível
Simplesmente não consigo achar o ponto que ligava cada frase
A sincronia que sempre foi tão natural
Não quero mais entender e fingir que está tudo bem quando as lágrimas caem

300 memórias (2ª parte: Duas perdas)


Foram duas partes arrancadas de alguém que não estava pronto pra nem uma ser retirada
Como um espelho de meus olhos sendo abertos em poucos instantes
Encontrar o segundo em que eles perderam o brilho
Procuro encontrar algo em que me apoiar... Deus ainda me mantém em pé

Ainda bem que você não houve o som das lágrimas rolando por meu rosto pelo seu celular
Ainda bem que não vê o sofrimento apertando aos poucos meu peito
Um momento não de mentiras, mas de coisas que não estou preparado pra dizer
Um nó na garganta por duas perdas

Tiradas foram duas partes de alguém que revive cada uma das memórias jogadas em papéis
Livro, fotos, velhos abraços, filmes... Enfim todas as partes que poderiam me lembrar
Uma perda que aos poucos sei que voltará
Outra perda que nem soube onde começou, mais sei que pode ser eterna

300 memórias (3ª parte: Fundo do oceano azul)


Tenho de me acalmar
A vida é muito curta para arrependimentos e decisões precipitadas
São coisas demais para serem resolvidas em tão pouco tempo
São oceanos que me afogam... Então me lembrei de que sei nadar...

Resta-me deitar e aproveitar o teto acima de mim
Até que eu esteja calmo o suficiente pra adormecer
Saber que um dia tudo voltará ao normal
Ou pelo menos tentar acreditar nisso o bastante
Tento acreditar que é tudo um sonho
Saber que de repente vou acordar e dar risada, pois os pesadelos terão acabado
Quero pedir a Deus que eu aguente mais este passo
Queria não sofrer tanto, deixar de ser o tolo sentimental

Só me pergunto para onde os caminhos sem solução nos levam
Olhar da perspectiva positiva e encarar que tudo pode dar certo
Esquecer o olhar negativo que diz que tudo simplesmente irá mudar
É difícil quando a mudança é unilateral

Eu continuo parado no caminho
Vejo você prosseguindo e fico feliz
Vejo que você não percebe que fiquei para trás
Então eu fico triste... Pensei que tentaria me levar junto nessa caminhada

Eu simplesmente estou afundando neste oceano de confusão
Quanto mais afundo mais a pressão me sufoca
Eu não quero mais tentar escapar
Vou tentar apenas aceitar que você não será mais a mesma pessoa

300 memórias (Epílogo)

15 de março de 2023

“Uma vasta coleção de memórias, um sopro do que um dia foi tão perfeito, hoje faz dez anos que escrevi um poema, mas parece que ainda estou neste dia, eu olho tudo que se passou e vejo em quantos oceanos tentaram me afogar, as coisas mudaram, não tanto da forma como esperava, as perspectivas e os sonhos, os acertos e os erros, nunca espere que tudo continue sendo perfeito, aproveite os momentos perfeitos enquanto eles acontecem. Ando agora por uma rua quente, cruzo ruas onde os carros voam de tanta velocidade, velha capital, estou indo ao encontro da pessoa que me inspirou o poema de minhas memórias, dez anos... Quando a vejo os sentimentos, um velho abraço, lágrimas... Agora tudo volta a ser um oceano, um oceano profundo em que descanso, os medos e a solidão simplesmente saem de meu corpo com as lágrimas que molham o ombro amigo, foram tantos anos tentando encontrar perdão em mim mesmo, coisas das quais eu não tenho muito que escrever, estou em um mundo que eu mesmo criei e por muitas vezes construí e destruí.
Deus me deu as respostas necessárias, as perdas foram restauradas, os olhos agora choram de alegria, os sorrisos, as velhas histórias, a felicidade de um tempo de tristeza que ficou para ser esquecido, não há mais perdas.”

Tempo indefinido

“Ouço um barulho muito alto, parecidos com trombetas, o mundo enlouqueceu, vejo a glória de Deus descendo dos céus, enfim o apocalipse chegou, eu olho pra minhas mãos e entre as rugas e manchas lembro-me de cada segundo, dos amores, dos irmãos, dos amigos de como vai ser bom poder reencontrar a todos, são muitas memórias, mais de trezentas e cada uma me leva a um lugar de felicidade, que sei que são as portas para que os céus se abram, meu corpo se ilumina aos poucos e felicidade é pouco para descrever essa sensação, vejo grandes muros sendo abertos, estou sendo levado, para a eternidade, vou em direção a uma luz palpável, perfeita, uma fonte de vida. Jesus esta ao meu lado e diz: Eu te puxei pelas mãos de cada um dos seus oceanos, por amor, pela sua vida, para a eternidade.”


Pablo Henrique Prancheski

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